Na rede, a formação integral do estudante é princípio pedagógico, para que ele seja reconhecido enquanto pessoa humana, trabalhador e sujeito de direitos. Para Paulo Freire, era necessário reconhecer o estudante enquanto cidadão pleno, capaz de compreender a realidade em que vive e mais, capaz de transformá-la.
Nesta perspectiva, ele defendia a integração da educação básica com a educação profissional. Assim acontece na rede de EP da Bahia mediante oferta de cursos técnicos de nível médio integrados à Educação Profissional. Mas também se expressam nas ofertas de Proeja Médio e Fundamental. Afinal, foi na educação de jovens e adultos que as proposições freireanas se efetivaram.
Neste caso, a matriz curricular contempla a construção de conhecimentos, valores e habilidades utilizando para isto a Base Nacional Comum (disciplinas das áreas de conhecimento Linguagens, Ciências Exatas e Naturais, e Ciências Humanas). E ao mesmo tempo inclui disciplinas de caráter técnico, específicas para a Formação Técnica Específica, mediados pela Formação Técnica Geral (disciplinas fundamentais para a compreensão e atuação no mundo do trabalho).
Paulo Freire defendia a integração entre o saber fazer e os demais saberes, a co-relação entre teoria e prática, entre conhecimentos adquiridos em sala de aula e os saberes constituídos pela vida. Na Educação Profissional da Bahia, a matriz curricular contempla esse princípio na medida em que articula teoria e prática, ciência, tecnologia e sociedade, e os saberes acadêmicos e os construídos na vida e no trabalho.
Inclusão - Pensar em Paulo Freire é lembrar da defesa da inclusão, de se criar oportunidade para isso. Na Educação Profissional da Bahia, o conhecimento ultrapassa as salas de aula, o trabalho é princípio educativo e a intervenção social é princípio pedagógico. Isso possibilita que o estudante aprenda os conteúdos e práticas em situações reais e contribui para a sua formação integral, fazendo com que compreenda a dimensão social da futura profissão. Com isso, permite que o estudante dê um retorno social, aplicando seus conhecimentos e habilidades nos Territórios de Identidade onde vive.
Almerico Lima, superintendente de Educação Profissional, lembra que Paulo Freire só foi anistiado 12 anos depois a morte, em 2009, durante cerimônia no Fórum Mundial de Educação Profissional. “Eu estava lá e foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida de educador. Poucos sabem que Paulo Freire defendia a integração da educação básica com a educação profissional e que sua pedagogia é a base dos pressupostos pedagógicos da Educação Profissional da Bahia, como a intervenção social, já que o Mestre Paulo não só apontava a necessidade de “ler o mundo”, mas também de transformá-lo”.
A assessora da Superintendência da Educação Profissional, Teresa Vilaça, teve a oportunidade de conviver com Paulo Freire em diferentes atividades em Recife. Ela fala que Paulo Freire deixou muitas lições de vida. “Naquela época ele já pensava, já se preocupava com princípios que hoje a gente coloca em prática na Educação Profissional da Bahia. A grande preocupação dele era com a inclusão, que as pessoas excluídas da escola, tivessem direito ao conhecimento escolar. A outra coisa era o diálogo, o respeito ao saber do outro, o compromisso com a cidadania, com a participação social para a mudança”.
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