terça-feira, 31 de agosto de 2010

Educação Profissional: Formação para o trabalho e para a vida

As novas diretrizes para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio estão sendo discutidas pelo MEC, por meio do Conselho Nacional de Educação, com a participação de professores, trabalhadores, estudantes e movimentos sociais. O superintendente da Educação Profissional da Bahia, Almerico Lima, faz parte do grupo de gestores e educadores envolvidos neste debate. Em entrevista à Revista Brasil, da Rede Brasil Atual, ele falou sobre o assunto, de como a Educação Profissional deve formar o/a cidadão/ã para o trabalho e para a vida. Veja abaixo reportagem.

Por Cida de Oliveira

A concepção de ensino técnico defendida por especialistas, educadores e movimentos sociais no Conselho Nacional de Educação sugere corrigir distorções dos objetivos e da organização desse segmento estratégico para o país

Uma das bandeiras dos candidatos à Presidência da República, a educação profissional – ou ensino técnico – estará no centro do debate neste mês de agosto. E não é só por causa da campanha eleitoral. Convidados pelo Ministério da Educação (MEC), especialistas e representantes dos professores, dos trabalhadores, dos estudantes e dos movimentos sociais se reuniram para discutir propostas pedagógicas para o setor. As ideias, se apoiadas em uma audiência pública do Conselho Nacional de Educação, prevista para este mês, poderão compor a resolução sobre as Diretrizes para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio.

“Esperamos a aprovação para que possamos, enfim, ter uma formação sólida para o mundo do trabalho, e não mais um modelo­ superficial, ditado pelas regras exclu­dentes do mercado”, afirma a professora Marise­ Ramos, pesquisadora da Faculdade­ de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e integrante da comissão formada pelo MEC.

O mercado, como ela salienta, não deve ser o objeto da formação, mas precisa se relacionar­ com a educação tecnológica numa perspectiva do desenvolvimento da capacidade produtiva do sujeito – o trabalhador. A educação voltada para atender só ao capital tem conteúdos organizados de maneira superficial, que podem mudar de acordo com o contexto socioeconômico. Já a formação que Marise e os setores progressistas defendem consistiria de uma sólida base científica e tecnológica que fundamentam os processos produtivos e permitem ao trabalhador compreender e assimilar revoluções e inovações que venham a ocorrer.

O educador Almerico Biondi, superintendente de Educação Profissional do governo da Bahia, diz que as diretrizes que ajudou a formular são norteadas pela vinculação entre a educação básica e a profissional e por princípios educativos que respaldem a formação sólida – aquela que desenvolve uma inteligência individual e social, além da profissional. Ou seja, para qualquer ramo de atividade técnica que venha a escolher, o indivíduo precisa ter acesso a um patrimônio pessoal de conhecimento.

“O desenvolvimento social, econômico e ambiental em curso no país exige a formação de técnicos que, mais do que apertar botões, compreendam os fundamentos científicos e tecnológicos do sistema produtivo onde atuam e também o contexto socioeco­nômico no qual estão inseridos”, sustenta Biondi. O documento, segundo ele, pela primeira vez coloca a formação profissional como direito e é também uma resposta ao atual modelo que, entre outras coisas, culpa o trabalhador pela falta de “capacitação”,­ por ser inexperiente, ou velho e ultrapassado ou até por morar longe do trabalho e representar mais tempo e custos com transporte.

“Temos de superar a ideologia que obriga os trabalhadores a se adaptar às incertezas de um mercado de trabalho baseado na pedagogia das competências, que preconiza o seu conformismo diante de uma realidade em que somente alguns são empregáveis”, completa Rosana Miyashiro, coordenadora pedagógica da Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha, em Florianópolis, ligada à CUT. Para ela, o cenário de crescimento econômico previsto para os próximos anos exigirá uma estratégia de desenvolvimento sustentável,­ pautada pela cidadania e pela inclusão. “E a educação profissional, ferramenta no processo de ampliação das capacidades do trabalhador, é fundamental”, diz.

Leia reportagem na íntegra:

Revista do Brasil

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