Acostumados a usar botas e chapéus na lida cotidiana na roça, trabalhadores rurais do Assentamento Terra Vista, em Arataca, vestiram beca e colocaram capelo, no último sábado (dia 15) para entrar para a história. Juntamente com jovens e trabalhadores das cidades de Arataca, Camacã, Pau Brasil e do distrito de Penelinha, foram diplomados Técnicos em Agrecologia do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) do Campo Milton Santos, instalado dentro do assentamento. Esta é a primeira turma formada pelo Governo do Estado em um assentamento rural na Bahia.
O cenário, em meio à Mata Atlântica, símbolo de luta pela terra, ganhou decoração especial. Muitas cestas de frutas como cacau, banana, cana e laranja, e cupuaçu sem caroço, uma tecnologia social desenvolvida pelos estudantes. Os formandos e familiares celebravam a conquista do direito à Educação Profissional. E comemoravam, também, melhores perspectivas de futuro e de uma inserção cidadã na vida social e no trabalho.
Josivaldo Borges, 41, conhecido como Nego do MST, é pai de quatro filhos, faz parte do Assentamento Nova Ipiranga, próximo a Camacã e está entre os 68 novos técnicos em Agroecologia. “Esse é um dos momentos mais importantes da minha vida, tão importante como fazer parte do movimento. Agora sei, com segurança, como trabalhar a terra dentro do meu assentamento. Estou muito seguro, os professores me deram total conhecimento para eu trabalhar correto com a terra”.
O assentado Avanildo dos Santos, 36, também conhecido como Pêu do MST, não escondia a alegria. “Não imaginava muito ter me formado, devido a dificuldade que é trabalhar no campo e ter que enfrentar a distância par ir estudar na cidade. Estudar e morar no mesmo local foi a chance que eu precisava. Foi mais que uma oportunidade, não sei nem o que falar”, emociona-se fazendo planos para o futuro. “Quero ser um consultor-empreededor em outros assentamentos passando o que aprendi, ensinando que dá muito mais dinheiro trabalhar com produtos orgânicos”, afirma.
Dona Benedita Francisca, mãe de Pêu, se sentiu realizada pelo filho. “Vou ser sempre grata à Lula, agora à Dilma e vou ser sempre grata ao governador Jaques Wagner porque como é que eu poderia imaginar um filho formado? Eu sei que é um ensino técnico, mas é muito melhor que uma universidade porque acho que meu filho já é doutor. Só o fato de ter uma mãe pobre, de luta, da inchada e ele saber ler e escrever e hoje receber um diploma, só posso agradecer a esse governo. Hoje já somos de igual pra igual”, comemora.
Joelita Maria foi a oradora da turma e já está trabalhando com consultoria em Camacã, cidade onde mora. Disse que o sentimento é de gratidão. “Nesta estrada conhecemos vários profissionais da área que nos ajudaram muito, o pessoal do assentamento, professores, gestores, homens e mulheres que trabalharam e se doaram para que esse curso acontecesse e nós pudéssemos realizar esse sonho”, afirma.
O dirigente do Assentamento Terra Vista, Joelson Ferreira estava comovido com a formatura. “Isso aqui está lindo demais. É um momento de glamour para o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra na Bahia. Essas pessoas estão tendo o que merecem”, comemorou. “Essa formatura é o resultado do esforço do governo do Estado, por meio da Superintendência de Educação Profissional, para promover a inclusão e dar oportunidades de formação profissional para essas pessoas que foram historicamente excluídas”, destaca o diretor do CEEP do Campo Milton Santos, Luciano Oliveira.
Muitas autoridades prestigiaram a solenidade, dentre as quais, Ana Maria Oliveira, diretora da DIREC de Ilhéus, representando o secretário de Educação Osvaldo Barreto, Rita Souza, chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Política para as Mulheres, Maria Renilda Daltro Moura, assessora especial da Suprof, representando o superintendente Almerico Lima, Joelson Ferreira, dirigente do Assentamento Terra Vista; Marcos Nery, superintendente do INCRA na Bahia; Márcio Matos, dirigente Nacional do MST; José Vivaldo, diretor-executivo da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR); Adelia Pinheiro, reitora da UESC; deputado Valmir Assunção; Agenor Birschnner, prefeito de Arataca e Ângela Castro, prefeita de Camacan.
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