Experiências em Agroecologia da rede estadual de EP serão apresentadas em Seminário Nacional em Pernambuco

Cinco projetos idealizados por estudantes e professores do curso técnico em Agroecologia, dos Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional foram selecionados como exemplo de experiências bem sucedidas para contribuir com a educação agroecológica no Brasil. O resultado das pesquisas será apresentada no I Seminário Nacional de Educação em Agroecologia  “Construindo Princípios e Diretrizes”, de 3 a 5 de julho, em Recife.


Os projetos apresentam os limites e avanços dos cursos técnicos em Agroecologia na Bahia, estado que tem a maior população rural do Brasil, o maior número de pessoas vivendo da agricultura familiar e também o maior número de cursos de Agroecologia do país. Aqui, a Rede Estadual de Educação Profissional direciona a formação de jovens e trabalhadores para que atendam e se beneficiem do desenvolvimento socioeconômico e ambiental da Bahia e possam continuar a viver em seus locais de origem. As pesquisas que serão apresentadas em Pernambuco mostram a relevância de métodos pedagógicos como, por exemplo: ações de intervenção social e a realização de projetos na formação curricular dos estudantes.  Os relatos foram desenvolvidos pelos estudantes sob orientação dos professores e também pelos professores relatando as experiências dos estudantes. 

Dentre os Centros que irão representar a Rede Estadual de Educação Profissional da Bahia estão: o CETEP Recôncavo II Alberto Torres, em Cruz das Almas, com o projeto “Relato de experiências no curso técnico em Agroecologia integrado ao ensino médio - a construção do conhecimento em Agroecologia”; CETEP Piemonte da Diamantina, em Wagner, apresentado “Educação Profissional Técnica Integrada à Educação de Jovens e Adultos no curso de Agroecologia”; o CEEP do Campo Milton Santos, em Arataca, com o relato de experiência sobre “ A construção de saberes e sabores agroecológicos: relato de experiência docente”; o CETEP Sertão Produtivo, em Caetité, com a temática “O curso técnico em Agroecologia e o desenvolvimento sustentável do Território de Identidade Sertão Produtivo” e “Curso Técnico em Agroecologia: Socializando Alguns Desafios e Saberes do CETEP Sertão Produtivo”.

Rosany Kátia, diretora do CETEP Sertão Produtivo diz que os desafios superados a cada dia levam a consolidação e reconhecimento do trabalho que vem sendo realizado no curso de agroecologia e em toda rede. “Superamos a cada dia os obstáculos que vão desde a absorção real do conceito agroecológico pelos professores e estudantes até o reconhecimento desta nova formação pela sociedade. A sensibilização dos filhos de pequenos agricultores para estudarem o curso técnico em agroecologia é uma estratégia eficaz para sanar os baixos índices de escolaridade encontrados entre a população rural além de facilitar a articulação entre o conhecimento científico e o conhecimento de agricultores camponeses acumulados historicamente a partir da relação com o meio em que vivem”.

 O CEEP do Campo Milton Santos, que está situado no Assentamento Terra Vista, realiza diversas práticas agroecológicas, por meio dos quais agricultores são envolvidos e passam a multiplicar o conhecimento adquirido em outras comunidades de reforma agrária e de agricultura familiar. Uma das práticas em destaque é o manejo agroecológico do cacaueiro em Cabrucas, que permite produção do cacau orgânico, fino e especial, possibilitando aos agricultores retirarem seu sustento sem prejudicar o meio ambiente, plantando, colhendo sem desmatar e sem destruir a biodiversidade. 

Para Augusto Araújo Santos, professor e coordenador do curso técnico em Agroecologia do CEEP do Campo Milton Santos, são estas experiências exitosas que fortalecem, cada vez mais, o trabalho realizado pela Educação Profissional da Bahia no Estado e proporciona o seu reconhecimento no país. “Graças a parceira entre o Centro e o assentamento, por exemplo, estamos produzindo cacau de qualidade, agregando valor ao produto de cacau, alcançando novos mercados nacionais e internacionais para cacau orgânico, fino e especial, preservando e conservando a biodiversidade da Mata Atlântica. Além de estarmos enriquecendo a formação dos nossos estudantes em contato com a prática”, explicou.

Ainda segundo o professor Augusto Araújo Santos, por meio do manejo agroecológico do cacaueiro, o assentamento ganhou o selo de certificação orgânica pelo IBD, certificadora brasileira de produtos orgânicos, sendo convidado para participar do salão de chocolate em Paris, na França, pelo cacau de qualidade. 

A professora Ana Rita Silva, orientadora do projeto de autoria das estudantes Letícia Fiúza e Tailane Silva de Oliveira, do CETEP Recôncavo II Alberto Torres, também reforça a ideia de que experiências como estas são fundamentais no processo de formação dos estudantes.  “Essas experiências que são realizadas dentro do ambiente escolar contribuem muito para a formação dos estudantes, pois enquanto cidadãos passam a pensar no próximo, na sua comunidade com mais cuidado. Eles desenvolvem uma percepção crítica sobre sua formação, sobre seu papel enquanto profissional e como ser humano. Participar de um evento como estes é motivador para nossos estudantes e para os nossos professores, pois nos motiva mais e mais para lutar por uma educação pública de qualidade. Estou muito feliz, temos que comemorar muito esta conquista”, disse. 

Ana Rita ressalta que a formação no campo da agroecologia traz de novo um embasamento conceitual e uma abordagem metodológica que permite articular especialistas de diversos ramos do conhecimento para que, juntos, em projetos de pesquisa multi, inter e transdisciplinares, avancem nos estudos sobre os fundamentos da sustentabilidade dos sistemas agropecuários, tendo como objeto de estudo o agroecossistema.

O I Seminário Nacional de Educação em Agroecologia busca aprofundar a reflexão sobre o tema e contribuir para difundir princípios e diretrizes para uma educação agroecológica no Brasil. Para tanto, parte da promoção do aprendizado mútuo e da identificação dos referenciais que orientam experiências concretas com o assunto. O seminário também pretende dar visibilidade às diversas iniciativas de formação com enfoque agroecológico, assim como propiciar a aproximação e troca entre as experiências existentes.
   
Confira os projetos